Paulo: O MPC vê aberrações contábeis e jurídicas que desagregam a prestação de contas.
A
necessidade de capacitação de servidores das câmaras municipais na área de
contabilidade básica e contabilidade pública; a criação de apenas um portal da
transparência para os 14 municípios do interior e um regime diferencial de
contratação para Amazônia Legal, foram assuntos da última palestra do I
Encontro do Legislativo Roraimense.
O
palestrante, o Procurador Geral do MPC (Ministério Público de Contas), Paulo
Sérgio Oliveira de Sousa, explicou que depois de visitar alguns municípios do interior da
Amazônia, ficou comprovado que a realidade de cada localidade não é a mesma de
determinados centros do país.
De
acordo com ele, não se pode exigir que um sistema de compras implantado em São
Paulo ou no interior paulista, também seja utilizado em municípios como Uiramutã,
Amajari, Normandia, Caroebe, cidades pobres ou até em Pacaraima, que faz
fronteira com a Venezuela.
Explicou
que o MPC vai trabalhar para que seja produzida uma norma que permita que
municípios em situações diferenciadas, possam ter tratamento distinto na
legislação pública, principalmente, de contratação pública.
Segundo
o procurador, haverá um Congresso do Parlamento Amazônico em Roraima que terá
também a participação da ALE. Já foram contactados os estados do Acre e
Rondônia e nesse evento será elaborada uma proposta para encaminhar ao Senado
Federal, sobre como seria esse regime diferencial de contratação para Amazônia
Legal, destacou Sousa.
Enquanto
não entra em vigor, o procurador disse aos vereadores que eles devem se unir
porque os municípios têm problemas pontuais e precisa haver coesão. Sugeriu a
criação de um portal da transparência único, alimentado por vários municípios. Tem municípios, como Uiramutã, que o sistema de internet é precário,
acrescentou.
Sobre a questão da prestação de contas, outro ponto abordado na palestra, o procurador do MPC falou da necessidade de capacitar os servidores do próprio município, em contabilidade pública e contabilidade básica. Ele destacou que o maior problema da condenação de gestores
à prefeitos e presidentes de câmaras
municipais no interior por falta de qualificação técnica e isso tem causado
transtorno para eles e para nós.
Aos
vereadores, disse que o MPC vê aberrações contábeis e jurídicas que desagregam
a prestação de contas, o que causa a reprovação das contas dos
gestores. Na avaliação de Sousa, diante do que foi apresentada na
palestra, a expectativa é que os vereadores coloquem em prática e percebam que
a função social do MPC e de outros órgãos de controle pedagógica. Nossa
função é tentar que eles façam a coisa certa; eles fazendo isso, é menos
trabalho pra gente, disse.
O
vereador de Uiramutã, Damião Araújo, disse que compreendeu muitos pontos
apresentados pelo procurador e agora terá uma atenção especial sobre os gastos
públicos da câmara municipal. A partir de agora, temos conhecimento para
cobrar dos gestores também, disse. O I Encontro do Legislativo
Roraimense, realizado pela Assembleia Legislativa por meio do CAC (Centro de
Apoio às Câmaras), segundo o coordenador, Fernando Heder, reuniu 88
participantes entre vereadores e servidores de 13 Câmaras Municipais.
SECOM/AL-RR